“A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.” Martin Luther King
Aproxima-se mais um acto eleitoral na concelhia de Coimbra do Partido Socialista, e com ele, a necessidade dos militantes optarem por uma das três candidaturas que se apresentaram. Cada um dos candidatos me merece o maior respeito e consideração, para além da natural amizade que me une a eles. Cada um, à sua maneira, tentará rapidamente reorganizar uma estrutura completamente à deriva, a que apenas a falta de bom senso, ou por condicionalismos diversos, terá impedido o seu actual presidente de desligar a “máquina” que , artificialmente, garantia a sua existência.
A última liderança concelhia, e tudo o que dela resultou, por tão má que foi retira-nos a vontade para voltar a falar dela. Apaguemos todo esse período. Essa liderança sobreviveu porque faltou uma oposição consistente e coerente, respeitadora das expectativas nela depositadas pelos muitos militantes que a apoiaram. Confundir cooperação política com desvio dos objectivos traçados e unidade com incoerência foi, do meu ponto de vista, um erro estratégico, mesmo que a sua reparação seja possível no futuro.
O PS Coimbra vive, pois, um momento decisivo na recuperação da sua imagem externa e na credibilização de um trabalho político orientado para os cidadãos e mobilizador dos seus militantes. Não há mais tempo a perder nesse desígnio, nem existem condições para insistir no erro.
Esse é o desafio que se coloca aos candidatos e também aos militantes nas suas escolhas. O futuro do PS Coimbra não pode ser hipotecado por um exercício do poder assente em projectos pessoais mas orientado para uma mobilização do interesse colectivo; Não podemos continuar a pactuar com a mentira e jogos de poder que apenas conduzem ao desencanto colectivo mas tem de ser possível encontrar uma liderança que mantenha o rumo e a coerência das suas posições, verdadeiro para com os militantes na determinação das suas posições e na execução do projecto que assuma; Temos de ser capazes de expurgar da condução dos destinos do partido todos aqueles que não revelam qualquer noção da ética republicana, concebendo o partido apenas como “ um agrupamento de cidadãos para a defesa abstracta de princípios e elevação concreta de alguns”, só para citar Carlos Drummond de Andrade.
O calculismo, a hipocrisia, a ambição desmedida e a lógica dos interesses são sintomas de uma grave doença que alguns transportaram para o interior do sistema partidário e que tem destruído as convicções dos que nele militam por princípios e valores.
Acredito que os militantes da concelhia de Coimbra saberão fazer as opções adequadas que permitam o afastamento do poder daqueles que são responsáveis pelo estado actual do PS em Coimbra, porque temos consciência, de que nada vale o lamento diário ou vergonha contida, se continuarmos a premiar eleitoralmente os prevaricadores.
Termino citando Jean de La Bruyère, “Pensar só em si e no presente é uma fonte de erro em política. “A minha consciência e os valores que me orientam no dia-a-dia nunca me permitiriam a apostasia.
Texto publicado no Jornal Coimbra com Futuro.
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