Quando se lê que aqueles que perdem o seu emprego se sentem mais felizes do que os que o mantêm, porque os que ficam têm de assegurar o seu trabalho e dos que saíram, é claro que algo está errado nos dias que correm. O sinal que vem do outro lado do Atlãntico, do país de Dilma e Lula, deve conter algum exagero na redação, mas é seguramente um indicador preocupante.
‘ Já vi e vivi demissões coletivas. E, aos poucos, deu para notar uma mudança crucial no Day After. Antes os deprimidos, os arrasados, os desamparados eram os que perderam a vaga. Eram como se tivessem sido explusos de uma festa que iria seguir sem eles. Hoje, a tristeza está bem mais do lado de quem ficou. Como se a festa estivesse, e está, do lado de fora.’
A razão, segundo o autor
‘A consolidação das redes sociais, o hiperfluxo de informação, o streaming e a emergência de uma massa conectada pronta para repercutir e compartilhar notícias e histórias, deu ao veículo tradicional um papel cada vez mais dispensável. Mas pede ao repórter, ao fotógrafo, ao designer, ao colunista um papel cada vez mais ativo de oferecer matéria-prima e contexto para o diálogo público. Ao se confundir com um nome no expediente, ao se condicionar ao falso conforto de um salário, o jornalista vira às costas ao seu maior ativo, a autonomia. E acaba no confortável e cínico papel de vítima da “morte do jornalismo”.
Fica, no entanto, a esperança nos que querem ser livres
Creiam… Não é necessariamente uma tragédia ter tantos, e bons, jornalistas na rua sem muita chance de voltar a um emprego formal tão cedo. Pode ser, ao contrário, uma excelente notícia. O ambiente perfeito, na ausência de gabinetes e editores, para o jornalismo se reencontrar na rede e nas ruas. Há o potencial de uma idade de ouro da reportagem hoje em dia.
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