”Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele [delegado Fleury] ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com olhar de louco.” De Rose Nogueira, jornalista em São Paulo. Da ALN, foi presa em 1969, semanas depois de dar à luz.
“No quinto dia, depois de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, abortei. Quando melhorei, voltaram a me torturar.”
De Izabel Fávero, professora de administração em Recife. Da VAR-Palmares, foi presa em 1970.
“Eu passei muito mal, comecei a vomitar, gritar. O torturador perguntou: “Como está?”. E o médico: “Tá mais ou menos, mas aguenta”. E eles desceram comigo de novo.”
De Dulce Chaves Pandolfi, professora da FGV-Rio. Da ALN, foi presa em 1970 e serviu de “cobaia” para aulas de tortura.
“Eu não conseguia ficar em pé nem sentada. As baratas começaram a me roer. Só pude tirar o sutiã e tapar a boca e os ouvidos.”
De Hecilda Fontelles Veiga, professora da Universidade Federal do Pará. Da AP, foi presa em 1971, no quinto mês de gravidez.
“Eu era jogada, nua e encapuzada, como se fosse uma peteca, de mão em mão. Com os tapas e choques elétricos, perdi dentes e todas as minhas obturações.”
De Marise Egger-Moellwald, socióloga, mora em São Paulo. Do então PCB, foi presa em 1975. Ainda amamentava seu filho.
“Eu estava arrebentada, o torturador me tirou do pau de arara. Não me aguentava em pé, caí no chão.
Nesse momento, fui estuprada.”
De Gilze Cosenza, assistente social aposentada de Belo Horizonte. Da AP, foi presa em 1969. Sua filha tinha quatro meses.
Trechos de 27 depoimentos de sobreviventes, intercalados às histórias de 45 mortas e desaparecidas no livro “Luta, Substantivo Feminino”, da série “Direito à Verdade e à Memória”. Será lançado na PUC-SP hoje, a seis dias do 31 de março.(nr: São Paulo, Brasil)
elianec@uol.com.br
LUTA, SUBSTANTIVO FEMININO
26 Mar
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Impressionante!
Por que você mudou o título do livro no título do seu artigo? Por que você colocou ‘substantivo masculino’ ao invés de ‘substantivo feminino’???
Tem razão. Erro meu, porque limitei-me a copiar , pela importancia do texto, e ocorreu esse engano…vou rectificar…obrigado
OLÁ,ME NOME É JACQUELINE,SOU ACADÊMICA DE HISTÓRIA-LICENCIATURA,E FAREI MEU TRABALHO DE TCC,SOBRE A MULHER NA DITADURA MILITAR,QUERO MUITO LER O LIVRO,LUTA.SUBSTANTIVO FEMININO,PORÉM ESTOU COM DIFICULDADES DE ENCONTRÁ-LO PARA COMPRAR,CASO POSSA ME INDICAR ONDE POSSO ADQUIRI-LO FICO GRATA